PESSACH

Posted on abril 22, 2016

PESSACH

Pessach no Diz: “Ensine Bem a Seu Filho”

Uma parceria da Sinagoga Edmond J. Safra – Ipanema com o escritório do Rabino Jonathan Sacks (The Office of Rabbi Sacks)

Na medida que uma nação após outra, na África e no Oriente Médio, se envolve em uma luta pela liberdade, Pessach, que começa esta semana, ainda tem muito a nos ensinar sobre a natureza dessa luta.A festa judaica da liberdade é o mais antigo ritual religioso continuamente observado no mundo. Através dos séculos, Pessach nunca perdeu seu poder de inspirar a imaginação de sucessivas gerações de judeus com a sua recriação anual do drama da escravidão e da libertação.

É vigorosa, repleta de vivências diretas como comer matzá – o pão ázimo da aflição, e provar o maror, a erva amarga da opressão. É um ritual não realizado na sinagoga, mas em casa, no meio da família, lembrando-nos que, nas palavras de Alexis de Tocqueville, “Enquanto sentimentos de família são mantidos vivos, o adversário da opressão nunca estará sozinho”. Talvez sua única inovação mais surpreendente é que do começo ao fim, ela é projetada para envolver e encantar a mente de uma criança.

Os rabinos que desenvolveram o ritual foram guiados pela própria Bíblia e pela narrativa altamente contraditória que nos é contada nos capítulos 12 e 13 de Êxodo. Eis a cena: Moisés reuniu o povo para dizer-lhes que eles estavam prestes a ficar livres. Exilados, escravizados, ameaçados por um faraó que ordenou que toda criança israelita do sexo masculino deveria ser morta, o povo vinha testemunhando uma série de maravilhas realizadas em seu nome. Moisés está prestes a dizer-lhes que em breve eles iriam deixar o Egito e começar a sua longa caminhada para a liberdade.

Às vezes pergunto às pessoas o que elas falariam se estivessem no lugar de Moisés? Algumas dizem que iriam falar sobre liberdade, outros que iriam falar sobre o destino que estava por vir: a “terra que emana leite e mel”. Outros, no entanto, mais duros, propõem que iriam falar sobre a viagem árdua que estava por vir, a marcha através do deserto, com todos os seus perigos.

Qualquer um desses teria sido um grande discurso de um grande líder. Moisés não fez nada disso. E isso é o que fez dele um líder singular. Se você examinar o texto em Êxodo com cuidado, você vai ver que três vezes ele voltou ao mesmo tema: crianças, educação e o futuro distante. “E quando vossos filhos vos perguntarem: Que significa esta cerimônia para você?” (Êxodo 12:26). “Nesse dia informe ao seu filho, eu faço isso por causa do que o Senhor me fez, quando eu saí do Egito” (13:8). “Em dias por vir, quando teu filho te perguntar, O que isso significa?” (13:14).

Moisés não falou sobre liberdade, mas sobre educação. Ele fixou sua visão não no imediato, mas no futuro distante, e não em adultos, mas nas crianças. Ao fazê-lo, ele estava estabelecendo um ponto fundamental. Pode ser difícil escapar da tirania, mas é ainda mais difícil construir e manter uma sociedade livre.

No final das contas, há somente uma maneira de fazer. Para defender um país você precisa de um exército, mas para defender uma civilização você precisa de educação. É por isso que Moisés, que de acordo com Rousseau foi o maior arquiteto do mundo de uma sociedade livre, falou sobre o dever dos pais em cada geração educar seus filhos sobre porque a liberdade é importante e como foi alcançada.

A liberdade não é conquistada apenas derrubando um tirano ou um regime opressivo. Isso geralmente é apenas o prelúdio de uma nova tirania, uma nova opressão. Os rostos mudam, mas não o script. A verdadeira liberdade exige que o Estado de direito e da justiça, e um sistema judiciário em que os direitos de alguns não são garantidos pela negação de direitos para outros.

A liberdade começa com o que ensinamos aos nossos filhos. É por isso que os judeus se tornaram um povo cuja paixão é a educação, cujos heróis são professores e cujas fortalezas são escolas. Em nenhum momento isso é mais evidente do que em Pessach, quando todo o ritual de entrega da nossa história para a próxima geração é colocado em movimento pelas perguntas feitas por uma criança. Em cada geração precisamos cultivar novamente os hábitos do coração que Tocqueville chamou de “o aprendizado da liberdade”.

A mensagem de Pessach continua sendo tão poderosa como nunca. A liberdade é alcançada não no campo de batalha, mas na sala de aula e em casa. Ensine seus filhos a história da liberdade se você quer que eles nunca mais a percam.

Texto original: “Passover Tells Us: Teach Your Children Well” por Rabino Jonathan Sacks.
Tradução Rachel Klinger Azulay para a Sinagoga Edmond J. Safra – Ipanema

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